Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/261

novo na crista espumosa de um escarcéu, onde oscilava um instante como ramo seco açoitado pelo tufão para de novo sumir-se nos abismos.

— Ânimo, Ricardo! Ânimo…! — bradou Regina, que apenas o avistara. — Vem, que aqui me acho à tua espera!

E enquanto assim bradava, anelante e desvairada, estendia-lhe os braços, debruçando-se sobre as ondas, como quem nelas ia precipitar-se. Os cabelos soltos agitados pelos ventos acoitavam-lhe o colo e as faces como serpentes que a mordiam, enrolando-se em furiosas contorções; as roupas dilaceradas pelo tufão esvoaçavam-lhe em rápidas ondulações em derredor do corpo como um vapor fantástico. Quem a visse naquela atitude estranha, mesclando seus gritos desesperados aos uivos da procela, julgaria ver o anjo das tormentas açulando os ventos e estumando as ondas para invadirem e subverterem os continentes.

Ricardo, sacudido violentamente pelas ondas cada vez mais cavadas e enfurecidas, mal ouvia, e avistava por instantes a consternada amante que o chamava e alentava com seus gritos, e em desespero de causa, abandonava o fraco batel à fúria da tormenta, contra a qual seriam impotentes todos os seus esforços. Todavia, ao ouvir a voz de Regina, um pouco de esperança e coragem confortaram-lhe o coração, e empregou novos e desesperados