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por um grupo, que de certo por ordem dela os acompanhava sempre em certa distância. Também Gaspar era matreiro, e não seria tão desasado, que arriscasse logo uma fuga sem probabilidade alguma de sucesso. Ele bem sabia que aquela gente tinha à noite uma espantosa penetração de vista, e o faro e a velocidade dos melhores cães de caça. Portanto foi ele o primeiro, que pressuroso convidou sua companheira a recolher-se à caverna, logo que pressentiu a aproximação do dia.

Assim volveram-se mais alguns dias a Gaspar, o qual para entreter-se e encurtar o tempo, passava-o a observar os estranhos costumes daquela gente, que quase se não distinguia dos brutos, e os trabalhos, em que empregavam suas noites. Apenas saíam das furnas, derramavam-se em grupos pela campanha. Uns internavam-se pelos matos farejando a caça, que perseguiam com incrível celeridade através das mais emaranhadas brenhas, dando uivos e ganidos como uma verdadeira matilha de cães. Outros com a agilidade do quati andavam trepando pelas árvores para colher frutos, ou para surpreender os pássaros e roubar-lhes os ninhos.

Outros percorrendo os campos davam caça às perdizes e codornizes, que colhiam de surpresa em seus escondrijos, ou esfuracavam o chão com as unhas já para arrancar os tatus de seus buracos,