animalejo; mas a coitada quase não podia suster-se de fadiga; Gaspar também a custo podia andar. Ambos sentaram-se oprimidos de cansaço. Gaspar fez que ela reclinasse a cabeça sobre seus joelhos. Ela a princípio relutou, e apontou para o oriente dando a entender o receio, que tinha do que o dia os surpreendesse ali. Gaspar expressou-lhe, que ele não dormiria, e que ainda mesmo que o dia os apanhasse, ele a carregaria nos ombros para o seio de sua caverna. Tranquilizou-se a índia, e daí a instantes adormeceu profundamente sobre os joelhos de Gaspar.
Mais uma hora, e o dia ia luzir. Uma hora só de sono para a pobre indiana, e o sol da vida e da liberdade ia surgir para Gaspar! Imagine-se com que sofreguidão e impaciência ele contava os minutos e os instantes, com que ansiedade voltava de contínuo os olhos para o oriente, com que tremor de coração aplicava o ouvido à escuta de alguma voz, de algum rumor, que indicasse a presença dos tatus brancos. Mas o que ninguém pode imaginar é a viva alegria com que saudou os primeiros clarões dessa aurora, que vinha arrancá-lo de um túmulo e restitui-lo à luz, à vida e à liberdade! O prazer indizível, que experimentou quando olhando em roda de si, se viu a sós com a índia no meio daquela imensa solidão. Estava salvo!