Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/37

risonha e tranquila como se estivesse sobre um berço de flores. A madrinha afligia-se sumamente com tais loucuras; ralhava, esbravejava, pedia, suplicava embalde; não era possível vencer a índole indomável da rapariga.

Quando a maré enchia roncando por esses areais, e vinha como uma montanha esbarrar na praia em altos escarcéus, era seu divertimento correr como doida pela praia avante ao encontro do vagalhão. Então o mar a tomava em seu dorso, como a mãe carinhosa toma o filho no regaço, e a menina lá ia boiando como alva conchinha suspensa na crista marulhosa, e voltava a pousar na praia confundida com as espumas da ressaca. E enquanto a boa madrinha, toda sustos levando as mãos à cabeça, soltava gritos de terror e aflição, Regina, imperturbável e risonha, brincava e cantava, balouçando-se sobre as águas como a garça do mar.

— Mamãe não costuma dizer que eu sou filha do mar…? — objetava ela às queixas e repreensões da velha. — Pois sou mesmo, e se o mar é meu pai, dele não pode me vir mal.

— Quem sabe, menina…?! Nunca é bom facilitar, o mar é traiçoeiro; não te fies muito nele. Meu bom marido, que Deus haja, também gostava muito dele, e nele perdeu a vida e, entretanto, era um homem possante e valente como