“Não, minha sereiazinha de meus pecados, varre isso da ideia; não serei eu quem te há de dar asas para voares a tua perdição.”
— Qual perdição, mamãe! — replicava a menina. — Eu sou do mar; o mar para mim não tem riscos; e mamãe pensa que eu não sou capaz de manejar um remo, içar uma vela, e manobrar um barquinho por esse mar em fora…? Demais eu preciso desde já ir-me exercitando neste ofício.
“Se um dia mamãe me faltar, eu que ficarei sozinha no mundo, de que hei de viver senão de pescaria…?”
Enfim Regina tanto rogou, instou, suplicou, tais promessas e seguranças deu, de que não se desmandaria nem se deixaria perder, que forçoso foi ceder-lhe, e ela teve o seu batelzinho novo, esguio, lindo e ligeiro, digno enfim da mimosa e gentil ondina, que tinha de governá-lo. Apesar de seus cuidados e apreensões, Felisbina não pôde deixar de extasiar-se ao ver com que vigor e destreza Regina logo desde o primeiro ensaio sabia dirigir seu pequeno e lindo batel.