Regina era de fato uma criatura incompreensível; se não fosse um ente extranatural, seria um enigma. Ou fosse pela auréola sinistra, que circundava-lhe o nome, ou porque fosse ela realmente um misto estranho de qualidades opostas, ao mesmo tempo que inspirava simpatia e amor, causava terror e repulsão.
No físico não havia a notar-se o menor senão; era uma beleza ideal. Somente a natureza caprichara em formar dela um tipo das mais estranhas combinações. Era de esbelto e garboso porte, de ademanes singelos, mas nobres e graciosos por natureza. Às vezes com os olhos úmidos e fagueiros, com um meigo sorriso na boca entreaberta, dava ao seu talhe de fada as lânguidas e suaves inflexões de uma bayadère; outras vezes alçando a fronte altiva sobre o colo firme e ereto,