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sagrado e solene juramento que prestara sobre as mãos hirtas e geladas de seu pai agonizante. Desde então no mundo inteiro para ele só existia Regina, só nela pensava, só a ela procurava.

Seu barco balouçava ocioso amarrado à praia, enquanto ele vagava à toa pelos areais e rochedos da costa seguindo a pista da feiticeira que o fascinara. Seus irmãos em vão o esperavam, em vão o procuravam para se entregarem às ocupações cotidianas. Escondido entre rochas em algum recesso escuso, Rodrigo passava horas e horas a espiar a piroga de Regina, que vogava pelos mares ou a seguia em distância ao longo das praias, reputando-se feliz quando podia contemplá-la mesmo de longe; ou escondido ora nas moitas do matagal, ora no pino de um rochedo procurava ocasião de vê-la passar para poder por um instante pascer as vistas inflamadas e sequiosas nos inefáveis encantos de tão peregrina formosura.

— Que tens, Rodrigo, que há dias andas assim triste, esquivo e taciturno? — perguntou-lhe Roberto, seu irmão imediato. — Ah! Meu pobre irmão…! Está me parecendo que a maldita sereia já deitou-te seu mau-olhado.

— Não gracejes, meu bom irmão — retorquiu-lhe Rodrigo em tom grave e melancólico. —