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do mal. Roberto olhava consternado para seu irmão e, abalado pela mais profunda comiseração, não sabia o que dizer-lhe.

— Que desgraça, meu irmão…! Que fatal cegueira! — exclamou, enfim, depois de largo silêncio. — Um moço, como tu és, ágil, valente, cheio de prendas e galhardia, raça de ilustres e esforçados fidalgos, tu te resignares a morrer ignobilmente por amor de uma obscura mulher, só porque é bonita e sabe volver um leme e entoar bem uma cantiga?!

Valha-te Deus, meu irmão…! Pois faltam mulheres bonitas neste mundo…?

— Certo que não, mas aquela, Roberto, aquela não é uma mulher, é uma fada, um anjo, uma sereia, um demônio, um misto monstruoso de tudo quanto há de formoso, celeste e adorável, e de tudo quanto há de abominável e infernal. Eu parto, meu irmão, não sei para onde, o ar destas paragens me abafa e me envenena as entranhas. Se eu não voltar dentro de um ano, fica certo que nunca mais verás sobre a terra teu desgraçado irmão.