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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Sanches Lucena estranhou o nome, a sua vulgaridade. E o Fidalgo, singelamente:

— É um rapaz muito meu amigo, de Villa-Clara... O José Videira, ajudante da Pharmacia...

Os oculos de Sanches Lucena cresceram de puro espanto:

— Ajudante da Pharmacia e amigo do Sr. Gonçalo Mendes Ramires!

Sim, desde estudante, dos exames do Lyceu. Até o Videirinha passava as ferias na Torre, com a mãe, antiga costureira da casa. Tão bom rapaz, tão simples... E na realidade, no violão, um genio!

— Agora tem elle uma cantiga admiravel que chamou o Fado dos Ramires. A musica é com effeito um fado de Coimbra, um fado conhecido. Mas os versos são d’elle, umas quadras engraçadas sobre cousas da minha Casa, lendas, patranhas... Pois ficou sublime! Ainda ha dias na Torre, comigo e com o Titó...

E a este nome, familiar e menineiro, Sanches Lucena mostrou outro reparo:

— O Titó?

O Fidalgo ria:

— É uma velha alcunha d’amizade que nós damos ao Antonio Villalobos.

Então Sanches Lucena atirou ambos os braços, como se alguem muito querido apparecesse na estrada: