A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— Uvas verdes, Snr. D. Gonçalo, uvas verdes!

O Fidalgo dardejou sobre o cunhado uns olhos ferozes:

— Nem que ella se me offerecesse, de joelhos, em camisa, com os duzentos contos do Sanches n’uma salva d’ouro!

Sorrindo, vermelha como uma pionia, com um «oh» escandalisado, Gracinha bateu no hombro de Gonçalo — que puxou por ella, galhofeiramente:

— Venha lá essa bochecha, e outra beijoca, para purificar! Com effeito, só pensar na D. Anna arrasta a gente ás imagens brutaes... Dizias então do estomago... Sim, filha, combalido. E ha dias mais pesado, desde o tal cabrito no espeto e da companhia beberrona do Manoel Duarte. Tu tens cá agua de Vidago?... Então, Barrôlinho, sê angelico. Manda trazer já uma garrafinha bem fresca. E olha! pergunta se subiram um açafate e uma caixa de papelão que eu deixei na caleche? Que ponham no meu quarto. E não desembrulhes, que é surpreza... Escuta! Que me levem agua bem quente. Preciso mudar toda a roupa... Estava uma poeirada por esse caminho!

E quando o Barrôlo abalou, a rebolar e a assobiar, Gonçalo, esfregando as mãos:

— Pois vocês ambos estão explendidos! E na harmonia que convem. Tu positivamente mais fórte,