A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Depois dos annos de Gracinha, uma tarde, pelas tres horas, Gonçalo, recolhendo com Padre Sueiro d’uma visita á Bibliotheca do Paço do Bispo, sentiu logo da antecamara o vozeirão do Titó, que rolava na sala azul em trovão lento. Franziu vivamente o reposteiro — e sacudiu o punho para o immenso homem que enchia um dos cadeirões dourados, estirando por sobre as flôres do tapete umas botas novas de grossas tachas reluzentes:

— Oh infame!... Então n’outro dia assim me larga, sem escrupulo, depois de eu lhe preparar um cabrito estupendo, assado n’um espeto de cerejeira? E para quê?... Para uma orgia reles, com bolinhos de bacalhau e bichinhas de rabear!

Titó não desmanchou a sua conchegada beatitude:

— Impossibilissimo. De tarde encontrei o João Gouveia no Chafariz. E só então nos lembrámos de que eram os annos da D. Casimira. Dia sagrado!

Aquellas ceias de Villa-Clara, as tresnoutadas «pandegas» com violão, impressionavam sempre Barrôlo, que as appetecia. E com o olho aguçado, do canto da mesa onde esfarelava cuidadosamente pacotes de tabaco dentro de uma terrina do Japão:

— Quem é a D. Casimira? Vocês em Villa-Clara descobrem uns typos... Conta lá!