A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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E Titó, da janella onde se refugiara, lançou o vozeirão, mais troante, abafando a importuna conversa do Sanches e da Feitosa:

— Viemos ambos! Por signal n’uma traquitana infame... Até se nos desferrou uma das pilecas e tivemos de parar na Vendinha. Não se perdeu tempo, que ha agora lá um vinhinho branco que é d’aqui da ponta fina!...

Beliscava a orelha. Aconselhava ruidosamente Barrôlo e Gonçalo a passarem na Vendinha, para provar a pinga celeste.

— Até aqui o Snr. Padre Sueiro lhe atiçava uma caneca valente, apesar do Peccado!

Mas João Gouveia entrou, encalmado, empoeirado, com um vinco vermelho na testa, do chapeu e do calor — e abotoado na sobrecasaca preta, de calças pretas, de luvas pretas. Sem folego, apertou silenciosamente pela sala as mãos amigas que o acolhiam. E desabou sobre o camapé, implorando ao amigo Barrôlo a caridade d’uma bebidinha fresca!

— Estive para entrar no café Monaco. Mas reflecti que n’esta grandiosa casa dos Barrôlos as bebidas são de mais confiança.

— Ainda bem! Você que quer? Orchata? Sangria? Limonada?

— Sangria.

E, limpando o pescoço e a testa, amaldiçoou o indecente calor d’Oliveira: