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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

aproveitou a caleche para deixar na Feitosaos seus bilhetes de pezames á bella viuva, á D. Anna. Ao meio dia, esfaimado, almoçou na Vendinha emquanto a parelha resfolgava. E batia a meia depois das duas quando emfim se apeou em Oliveira deante do portão do antigo convento de S. Domingos, ao fundo da Praça, onde seu pae, quando Chefe do Districto, installára faustosamente as repartições do Governo Civil.

Áquella hora, já na frescura e sombra da Arcada que orla um lado da Praça (outr’ora Praça da Prataria, hoje Praça da Liberdade) os cavalheiros d’Oliveira mais desoccupados, os «rapazes», preguiçavam, em cadeiras de verga, á porta da Tabacaria Elegante e da loja do Leão. Gonçalo, cautelosamente, baixára as cortinas verdes da caleche. Mas no pateo do Governo Civil, ainda guarnecido de bancos monumentaes do tempo dos frades, esbarrou com o primo José Mendonça, que descia a escadaria, fardado. Foi um assombro para o alegre capitão, moço esvelto, de bigode curto, picado levemente de bexigas.

— Tu por aqui, Gonçalinho! E de chapeu alto! Caramba, deve ser coisa gorda!

O Fidalgo da Torre confessou, corajosamente. Chegava n’esse instante de Santa Ireneia para fallar ao André Cavalleiro...

— Está elle cá, esse illustre senhor?