A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
233

subindo para Santa-Ireneia. O Villico, o gordo e azafamado Ordonho, galga arquejando aos eirados da torre albarrã — e reconhece o pendão de Lopo de Bayão, o seu toque de trompas á mourisca, arrastado e triste no silencio dos campos. Então arqueia as cabelludas mãos na bôca, atira o alarido:

— Armas, armas! que é gente de Bayão!... Besteiros, ás quadrellas! Homens em chusma ás lavadiças da carcova!

E Gonçalo, coçando a testa com a rama da penna, rebuscava ainda outros veridicos brados, de bravo som Affonsino — quando a porta da livraria abriu cautellosamente, atravez d’aquelle perro rangido que o desesperava. Era o Bento, em mangas de camisa:

— O Snr. Dr. não poderia descer cá baixo á cozinha?

Gonçalo embasbacou para o Bento, pestanejando, sem comprehender:

— Á cozinha?...

— É que está lá a mulher do Casco a levantar uma celeuma. Parece que lhe prenderam o homem esta tarde... Appareceu ahi por baixo de agoa, com os pequenos, até um de mama. Quer por força fallar com o Snr. Dr. E não se calla, lavada em lagrimas, de joelhos com os filhos, que é mesmo uma Ignez de Castro!

Gonçalo murmurou — «que massada!» E que