A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
241

hein!... Se fosse de dia, olhe que se juntava gente!

A mulher sorria emfim, descoradamente, sem interesse:

— Ai! nem sei que pareço... Que avantesma!

Atravez do pateo, onde as acacias gottejavam docemente, Gonçalo acompanhou o rancho até á porta do pomar, gritando ainda — «Agasalhem bem a pequena!» — quando já a lanterna do moço se fundia na humida espessura da noite acalmada. Depois, na cozinha, batendo contra as lages as solas dos chinellos molhados, apalpou novamente o Manoelsinho, que adormecera n’um somno rouquejado, torcido sobre as costas da cadeira.

— Tem pouca febre... Mas precisa um suadoiro forte. E, antes de o cobrirem bem, um leite quente, quasi a ferver, com cognac... O que elle precisava tambem era esfregado a côco... Que porcaria de gente! Emfim fica para mais tarde, quando se curar... E agora, oh Rosa, mande acima alguma cousa para eu cear, cousa solida, que não jantei, e o sarau foi tremendo!

Na livraria, depois de mudar os chinellos, descançar, Gonçalo escreveu ao Gouveia uma carta reclamando com commovida urgencia a liberdade do Casco. E accrescentava: — «É o primeiro pedido que lhe faz o deputado por Villa-Clara (comprimente!),