A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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De resto conversaram summariamente sobre a Eleição. Apenas o Cavalleiro alludira com indolencia aos votos de Murtosa — o bom Barrôlo quasi se engasgou, na ancia de os offerecer:

— E o que vocês quizerem... Votos, dinheiro, o que vocês quizerem!... Vocês digam! Eu vou para a Murtosa, e é comezaina, e pipa de vinho aberta, e a freguezia inteira a votar no meio de foguetorio...

O Cavalleiro, rindo, amansou aquelle fervor faustoso:

— Não, meu caro Barrôlo, não! Nós preparamos uma eleição muito sobria, muito socegada. Villa Clara elege Gonçalo Mendes Ramires deputado, naturalmente, como o seu melhor homem. Não ha combate, o Julinho é uma sombra. Portanto...

O Barrôlo persistia, radiante, gingando:

— Perdão, André, perdão! Lá isso vinhaça, e vivorio, e foguetorio, e festança magna...

Mas Gonçalo, embaraçado, ancioso por suster a garrulice do Barrôlo, as palmadas carinhosas com que elle se atufava na intimidade do Cavalleiro, apontou para a mesa de S. Ex. a:

— Tu tens que fazer, André. Vejo ahi uma papelada pavorosa... Não roubemos mais tempo ao chefe illustre do Districto! Ao trabalho!

Trabalhar, meu irmão, que o trabalho
É André, é virtude, é valor!...