A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Quinta feira de manhã depois do almoço, no terraço do jardim onde tomavam café, Gonçalo recommendou ao Barrôlo que «para accentuar mais completamente a intimidade simples do jantar não pozesse casaca...»

— E tu, Gracinha, vestido afogado. Mas vestidinho claro, alegre...

Gracinha sorriu, indecisamente, continuando a folhear um Almanach de Lembrançasestendida n’uma cadeira de verga, com um gatinho branco no regaço.

Depois do alvoroço e pasmo de Domingo, ella apparentava agora um desinteresse silencioso pela reconciliação que ainda abalava Oliveira, pela Eleição, pelo jantar. Mas n’esses dias não socegára — tão impaciente e sensivel que o bom Barrôlo incessantemente lhe aconselhava o grande remedio da Mamã contra os nervos, «flôres d’alecrim, cosidas em vinho branco.»

Gonçalo percebia claramente a perturbação em que a lançava aquella entrada triumphal de André, do antigo André, na sua casa de casada, nos Cunhaes. E para se tranquillisar evocava (como na estrada do cemiterio em Villa-Clara) a seriedade de Gracinha, o seu rigido e puro pensar, a altivez da sua almasinha heroica. N’essa manhã mesmo,