A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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effusão, gritando: — «Andrésinho, meu velho!» S. Ex. aapenas tocou de leve no calice de Gracinha. Padre Sueiro murmurou as «graças.» E Barrôlo, atirando o guardanapo:

— Café aqui ou na sala?... Na sala estamos mais frescos.

Na sala grande, a sala dos velludos vermelhos, o lustre rebrilhava solitariamente; pelas tres janellas abertas penetrava a serenidade da noite quente, o recolhido silencio d’Oliveira; e em baixo, no Largo, alguns sujeitos, mesmo duas senhoras de manta de lã branca pela cabeça, pasmavam para aquella claridade de festa que jorrava dos Cunhaes. O Cavalleiro e Gonçalo accenderam os charutos na varanda, respirando a frescura escassa. E o Cavalleiro, com beatitude:

— Pois sempre te digo, Gonçalinho, que se janta sublimemente em casa de teu cunhado!...

Gonçalo desejou que, no domingo, elle jantasse na Torre. Ainda restavam umas garrafas de Madeira do tempo do avô Damião — a que se daria, com soccorro do Gouveia e do Titó, um assalto heroico.

O Cavalleiro prometteu, já deliciado — tomando da pesada bandeja de prata, que derreava o escudeiro, a sua chavena de café, sem assucar.

— E tu, com effeito, Gonçalo, agora não deves arredar da Torre. O teu papel é todo de presença na localidade. O Fidalgo da Torre está no meio das