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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

acontecimento hei de gritar por toda a parte que foi a prima Maria que salvou a casa de Ramires!

— Por isso eu trabalho, para servir o brazão e o nome! exclamou ella, saltando ligeiramente para a caleche, como se fugisse, arremessada aquella clara confissão.

O trintanario trepára á almofada. E em quanto os cavallos folgados largavam, aos corcovos, D. Maria ainda gritou:

— Sabe quem encontrei em Villa Clara? O Titó!

— O Titó?...

— Chegou do Alemtejo, vem jantar comsigo. Eu não o trouxe na carruagem por decencia, para o não comprometter...

E a caleche rolou — entre os risos e os doces acenos com que ambos se afagavam, n’aquella nova concordancia mais calorosa d’uma conspiração sentimental.

Gonçalo largou logo alegremente para Villa-Clara, ao encontro do Titó. E já o alvoroçava a idéa de colher do Titó, intimo da Feitosa, informações sobre a D. Anna, o seu genio, os seus modos. A prima Maria, por amor dos Ramires (sobretudo, coitada, para proveito dos Mendonças!), idealisava a noiva. Mas o Titó, o homem mais veridico do Reino, amando a Verdade com a antiga devoção de Epaminondas, apresentaria D. Anna sem um enfeite nem um desenfeite.