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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

vaes a esta hora para a Egreja: e ella menos, que o outro marido ainda não arrefeceu na cova. Então ámanhã conversamos.

Atirou duas passadas enormes, empurrou a porta da varanda, berrando pelo Videirinha:

— São que horas, Videira! Toca a abalar, que não dormi desde Cidadelhe.

Videirinha, que preparava com esmero um grog frio, esvasiou atabalhoadamente o copo, recolheu o violão precioso. E Gonçalo não os deteve, esfregando silenciosamente as mãos, amuado com aquella recusa do Titó tão desamiga e teimosa. Como sombras atravessaram uma sala onde dormia, esquecida desde os Ramires do seculo XVIII, uma espineta de charão. No patamar da escada que conduzia á portinha verde, Gonçalo, para os allumiar, erguera um castiçal. Titó accendeu um cigarro á vela. A sua mão cabelluda tremia.

— Então, entendido... Appareço ámanhã, Gonçalo.

— Quando quizeres, Titó.

E no secco assentimento do Fidalgo transparecia tanto despeito — que Titó hesitou nos estreitos degraus que atulhava. Por fim desceu pesadamente.

Videirinha, já na estrada, considerava o ceu, a luminosa serenidade:

— Que linda noite, snr. Doutor!