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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

cerrada como uma hoste, com o José Casco na frente erguendo uma enorme bandeira, entre dous tambores que estouravam. O Visconde de Rio-Manso entrára no adro da Egreja de Ramilde na sua victoria, com a neta toda vestida de branco, seguido por uma vistosa fila de char-à-bancs, onde se apinhavam eleitores sob toldos de verdura. Na Finta todos os casaes se esvasiavam, as mulheres carregadas d’ouro, os rapazes de flôr na orelha, correndo á Eleição do Fidalgo entre o repenicar das violas, como á romaria d’um Santo. E deante da taberna do Pintainho, em face á Egreja, a gente da Velleda, da Riosa, do Cercal, erguera um arco de buxo, com distico vermelho, sobre panninho: — «Viva o nosso Ramires, flôr dos homens!»

Depois, em quanto jantava, um moço da quinta voltou de Villa-Clara, alvoroçado, contando o delirio, as philarmonicas pelas ruas, a Assembleia toda embandeirada, e na casa da Camara, sobre a porta, um transparente com o retrato de Gonçalo, que uma multidão acclamava.

Gonçalo apressou o café. Por timidez, receoso dos vivorios, não ousava correr a Villa-Clara — a espreitar. Mas accendeu o charuto, passou á varanda, para respirar a doce noite de festa, que andava tão cheia de clarões e rumores em seu louvor. E ao abrir a porta envidraçada quasi recuou, com outro