A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Santos melhoravam santamente as almas; Physiologistas diminuiam o velho soffrer humano; Inventores alargavam a riqueza das raças; Aventureiros magnificos arrancavam mundos de sua esterilidade e mudez... Ah! esses eram os verdadeiramente homens, os que viviam deliciosas plenitudes de vida, modelando com as suas mãos incançadas fórmas sempre mais bellas ou mais justas da humanidade. Quem fôra como elles, que são os sobre-humanos! E tal acção tão suprema requeria o Genio, o dom que, como a antiga chamma, desce de Deus sobre um eleito? Não! Apenas o claro entendimento das realidades humanas — e depois o forte querer.

E o Fidalgo da Torre, immovel no eirado da Torre, entre o ceu todo estrellado, e a terra toda escura, longamente revolveu pensamentos de Vida superior — até que enlevado, e como se a energia da longa raça, que pela Torre passára, refluisse ao seu coração, imaginou a sua propria encaminhada emfim para uma acção vasta e fecunda, em que soberbamente gozasse o goso de verdadeiro viver, e em torno de si creasse vida, e accrescentasse um lustre novo ao velho lustre de seu nome, e riquezas puras o dourassem e a sua terra inteira o bem-louvasse por que elle inteiro e n’um esforço pleno bem servira a sua terra...