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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Talvez se riam. Mas eu sustento a semelhança. Aquelle todo de Gonçalo, a franqueza, a doçura, a bondade, a immensa bondade, que notou o Snr. Padre Sueiro... Os fogachos e enthusiasmos, que acabam logo em fumo, e juntamente muita persistencia, muito aferro quando se fila á sua ideia... A generosidade, o desleixo, a constante trapalhada nos negocios, e sentimentos de muita honra, uns escrupulos, quasi pueris, não é verdade?... A imaginação que o leva sempre a exaggerar até á mentira, e ao mesmo tempo um espirito pratico, sempre attento á realidade util. A viveza, a facilidade em comprehender, em apanhar... A esperança constante n’algum milagre, no velho milagre d’Ourique, que sanará todas as difficuldades... A vaidade, o gosto de se arrebicar, de luzir, e uma simplicidade tão grande, que dá na rua o braço a um mendigo... Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociavel. A desconfiança terrivel de si mesmo, que o acobarda, o encolhe, até que um dia se decide, e apparece um heroe, que tudo arrasa... Até aquella antiguidade de raça, aqui pegada á sua velha Torre, ha mil annos... Até agora aquelle arranque para a Africa... Assim todo completo, com o bem, com o mal, sabem vocês quem elle me lembra?

— Quem?...

— Portugal.