Senhores
Ninguém terá mais pena que eu dos grandes auditórios condenados por si mesmos a ouvir as minhas conferências, largas e derramadas como costumam ser. Ninguém se condoerá mais que eu dessas vastas assembléias, cuja abnegação de si próprias as oferece (coisa estranha e desnatural), tão de sua vontade e tantas vezes, ao suplício de virem escutar um orador palavreiro e tedioso, qual me pintam os meus inimigos. Não basta a me absolver de tamanha culpa o serem esses mesmos comícios e, como os outros, este de agora, os que vêm buscar estas maçaduras, os que a elas de boa mente se entregaram.
Poderiam ser, quiçá, pecadores em via de arrependimento, que, dando neste gênero singular de macerações, quisessem aqui ciliar-se das suas dores de consciência, sujeitando espinhaço e lombo à rijeza e desmedim