Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/33

Tesouro, onde eram escrituradas estas despesas que não excedem a mil contos de réis”.

Aí está senhores. Que mais eloqüente documento histórico se poderia imaginar, ou exigir do que este? Nele tendes confessada, por um ex-presidente da mais ortodoxa honestidade, a compra de jornais pelo governo, ou o derrame, pelo governo, de liberalidades pecuniárias entre os jornais.

A linguagem não lhe desliza de serena, senão para estranhar aos seus adversários a injustiça de o tomarem por alvo de censuras, “pretendendo” ver nesse uso administrativo “uma agravante do crime”, para dissimular o qual o presidente da República untava com essas gotas de óleo bento as castas unhas de sua publicidade.

Consciências obliteradas

O culpado não dava fé, nem de longe, de que pudessem ressentir de impuridade, ou, sequer, de indelicadeza, os estilos de aliciar apologias da administração, à custa, à revelia e às encobertas dos contribuintes. Não percebia que o governo enganava os contribuintes, a quem deve lisura e verdade nas contas, quando lhes inculcava de sincera uma publicidade venal, de expressão do sentimento público a do interesse de escritores vendidos.

Não, senhores, não o percebia; e é para esse estado singular de consciência que chamo a voss