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bem fora de rebaixar a nossa nacionalidade, não servirá senão para a honrar no conceito das outras, mostrando-lhes que a sociedade brasileira, a opinião brasileira, a consciência brasileira não morreram, e reagem, ao menos intelectual e moralmente, contra os cancros da nossa política, da nossa administração e do nosso governo.

Quem subministra, pois, elementos de descrédito do país, não são os cauterizadores do mal, senão os seus autores; não são os que expõem o mal à luz e ao ar, para lhe dar cura, mas os que o querem ter em abafos, para lhes dar vida; não são os que, discutindo o mal, mais cedo ou mais tarde sabido sempre, apenas, com a publicidade na censura, infligem aos abusos dos governos e às mazelas dos seus cúmplices a correção peculiar à natureza pública da sua situação e dos seus atos. Não, não são esses. São os que, a pretexto do bem e decoro geral, somente buscam no silêncio, porque instam, o cômodo e abrigo das suas cobiças e ambições.

Tem cabelos brancos o anexim, velho e revelho, onde a sabedoria dos nossos maiores nos ensinava que em pessoa de cetro não há vício secreto. Só os monarcas eram então pessoas de cetro; e, com serem, como eram, absolutos, já os seus humildes vassalos não lhes admitiam mancha, que se não descobrisse. Que fará nas democracias de hoje? Que não será nos regimens, onde se proclama a soberania do povo? Aí as pessoas de cetro são todas as que têm o mando nos negócios comu