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do desconfiado Idumeo, sedento do sangue da recem-nascida, e salva-a, transportando-a, no silencio da noite, da Judéa para o Egypto.[1]

Deixa as fachas da infancia, começa a crescer; eis que acorrentam-na, açoitam-na e procuram abafal-a no fundo de sombrias masmorras; porém, ahi mesmo, ella se desenvolve, vigora, como se livre respirasse o ar puro das praças publicas.[2]

Relaxam-lhe as cadeias, ella corre pela Asia, vai á Grecia, invade todo o Imperio Romano, penetra até o coração do mundo civilisado, Roma, a cidade dos Cesares. Ahi sanguinolenta perseguição arrebenta contra ella. O paganismo assanha-se contra a divina estrangeira, lança-a ás féras do amphitheatro, rasga-lhe as carnes com unhas de ferro, desconjunta-lhe os membros sobre os equuleos, atira-a ás chammas da fogueira, estende-a sobre grelhas encandecidas, mergulha-a em caldeiras de azeite fervendo, tortura-a com o maior requinte de barbarias horripilantes!

Mas ainda assim ella não succumbe; é mais forte que o duro gladio do fero algoz; toda dilacerada vence as unhas lacerantes, cança o braço do cruel verdugo: Steterunt torti torquentibus fortiores, et pulsantes ac laniantes ungulas pulsata ac laniata membra vicerunt.[3]

Ainda lhe sangram as feridas, lagrimas ainda lhe humedecem as faces, e eis que surgem filhos ingratos e desventurados a rasgarem-lhe as entranhas com as heresias. Pelagio nega a graça, Macedonio combate a divindade do

  1. Mat. cap. 2
  2. Act. cap. 4
  3. S. Cyprian. L. 1. Epist. 6.