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donde deve resultar em dia determinado a alforria do
mundo inteiro, a republica fraternal e a harmonia da humanidade.
Este pensamento não foi ainda comprehendido
pelos nossos irmãos d’além dos Alpes. Elles crêm que a
Italia revolucionaria só póde conspirar na sombra, distribuir
algumas punhaladas a esbirros e traidores, e soffrer
tranquillamente o jugo dos successos que se verificam
além dos montes pela Italia, mas sem a Italia. Este erro já
muitas vezes nos foi fatal: não devemos combatel-o com
phrases; seria o mesmo que propagal-o: é mister acabar
com elle por meio de factos. Por isto, entre os cuidados
que têm o privilegio de agitar os espiritos mais poderosos
das nossas Vendas, um ha que não devemos esquecer.
« O Papado exerceu sempre acção decisiva nos negocios da Italia. Pelo braço, voz, penna e coração dos seus numerosos Bispos, padres, frades, religiosos e fieis de todos os paizes, o Papado tem sempre pessoas dedicadas para o martyrio e para o enthusiasmo. Em toda a parte onde os chama, encontra amigos que morrem por elle ou de tudo se privam por sua causa. É uma immensa alavanca, cuja força só alguns papas avaliaram, empregando-a todavia com muita parcimonia. Não se trata hoje para isso de restabelecer esse poder, cujo prestigio momentaneamente se acha debilitado: o nosso fim principal é o de Voltaire e da Revolução franceza: o aniquilamento perpetuo do Catholicismo e até da idéa cristã, que, no caso de permanecer de pé sobre as ruinas de Roma, viria a perpetuar-se mais adiante. Para attingir porém com mais certeza este fim e não prepararmos com satisfação revezes, que adiam indefinidamente e compromettem no futuro o exito de uma boa