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« Não está em nossa mente angariar os Papas para
a nossa causa, fazer delles neophytos para os nossos principios,
propagadores de nossas ideias. Seria sonho ridiculo
e por qualquer modo que os successos volteiem, que os
cardeaes ou prelados, por exemplo, hajam entrado por
vontade ou surpreza em uma parte dos nossos segredos,
não é isto uma razão para desejarmos a sua elevação á
cadeira de Pedro. Esta elevação perder-nos-hia: bastava a
ambição para os impellir á apostasia, a necessidade do
poder havia de forçal-os a immolar-nos. O que devemos
pedir, procurar e encontrar, como os Judeos esperam o
Messias, é um Papa adaptado ás nossas necessidades. Alexandre
VI, com todos os seus crimes particulares, não nos
conviria, porque nunca errou em matéria de fé. Um Clemente
XIV, pelo contrario, seria o que nos convinha em
toda a extensão. Borgia era um libertino, verdadeiro sensualista
do seculo XVIII, extraviado no XV. Apezar dos
seus vicios foi anathematizado por todos os vicios da philosophia
e incredulidade, e incorreo neste anathema pelo
vigor com que defendeu a Igreja. Ganganelli entregou-se,
de pés e punhos ligados, aos ministros dos Bourbons, que
lhe incutiam medo, aos incredulos, que apregoavam a sua
tolerancia, e Ganganelli tornou-se um grande papa. Pouco
mais ou menos outro assim é que nos convinha agora,
sendo possivel. Assim marcharemos com mais firmeza ao
assalto da Igreja, do que por meio dos escriptos de nossos
irmãos da França, e até do ouro da Inglaterra. Quereis
saber a razão? É porque, d’este modo, para destruirmos o
rochedo sobre o qual fundou Deus a sua Igreja, não precisamos de vinagre corrosivo, polvora, ou mesmo de nossos