—E' verdade—respondia Christina—e olha, Lena, como se vêem bem as janellas do teu quarto.
—Lá está aquella que tu abriste está manhã para cumprimentares...
Sentindo a mão de Christina comprimir-lhe o braço, concluiu:
—Para cumprimentares a estrella d’alva.
—As janellas do quarto da mamã julgo que ainda estão fechadas.
—Tanto não posso eu distinguir; comtudo afianço-te que sim. A tiaVictoria não é muito matinal.
—Aquella casa acolá não é a de Alvapenha?—perguntou Henrique, apontando n’outra direcção.
—É—respondeu Augusto—e, maïs adeante, alli tem a deveza, em que passou ante-hontem. Não é verdade?
—É justamente. Com effeito! Foi um soberbo passeio, o que eu dei! D’aqui é que se vê. Lá vejo umas prêsas, por onde me lembro de ter passado tambem.
—Vê, acolá, aquella casa que tem uma capella ao lado?—perguntou Magdalena, apontando para um ponto distante.
—Perfeitamente.
—É a minha quinta dos Cannaviaes.
—Ah! É verdade, lá estão uns cannaviaes, se me não engana a vista.
—Justamente. Não sei se sabe que ha n’aquella capella uma imagem deNossa Senhora, muito milagrosa.
—Sim? hei de visital-a.
—Coisa que se lhe peça, fazendo-se o voto da meia noite, é concedido—disse Christina, fitando d’esta vez Henrique, com a expressão da maïs insinuante sinceridade.
—Que quer dizer o voto da meia noite?
—Tem uma pessoa de rezar á meia noite, e sósinha, sete estações no altar da Senhora—continuou Christina.