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—­Olha...—­disse ainda a tia.

Henrique parou.

—­Não sei o que é que me esquece...

—­Não ha de ser nada, tia; boa noite.

—­Não esquecerá?... Eu sei?... Emfim... boa noite. Ai, é verdade... Sempre é bom ficar com lumes promptos.

—­Ai, sim; lá isso sempre é bom.

—­Vês? não que bem me parecia.

—­Já lá estão, senhora—­disse a criada de longe.

—­Melhor; então muito boa noite nos dê Nosso Senhor, menino.

—­Muito boa noite, tia.

E Henrique conseguiu fechar a porta.

Estava finalmente só.

—­Que desastrada lembrança a minha!—­disse o pobre rapaz, ao fechar a porta sobre si.—­Como posso eu viver com está santa e virtuosa gente, que chama manías aos meus padecimentos? Que futuro de impertinencias me espera! Ai, Lisboa, Lisboa, e pensar eu que só posso voltar para ti á custa de outra jornada!

O quarto de Henrique era arranjado com simplicidade. Um alto leito de almofadas na cabeceira e rodapé de chita, tão alto que se não dispensava o auxilio de cadeira para trepar acima d’elle, uma commoda com um pequeño espelho, um bahú, um lavatorio e duas cadeiras maïs, constituiam a mobilia toda.

Henrique de Souzellas sentiu a falta de mil pequenos objectos de toucador, a que estava habituado. Aquelle estrictamente necessario não lhe promettia grandes confortos.

Deitou-se. A roupa da cama era de linho alvissimo e respirava um asseio e frescura convidativos: os travesseiros, de largos folhos engommados, possuiam uma molleza agradavel ás faces; o colchão de pennas abatia-se suavemente sob o peso do corpo fatigado.