empenhavam n’isto muito mais do que elle julgava; que mais tarde lhe explicaria tudo. Quanto a Augusto, accrescentava elle, talvez fôsse isto até uma vantagem; que o logar que pedia era a sua annullação perpetua, e que elle, conselheiro, havia de luctar contra a grande modestia do rapaz, trazendo-lhe á luz os merecimentos reaes, dando-lhe melhor collocação, e que esperava ainda empregal-o na capital.
Era uma carta toda de homem politico, que tudo espera da diplomacia.
Ao acabar de ler, Augusto disse, com um sorriso amargo nos labios:
— Eu sou pouco ambicioso; contento-me com morrer aqui.
— A mim me deu elle, ao partir, a sua palavra de que te faria despachar, e breve; e quebrou-a como um pêrro! Oh! o que fizeram d’aquelle homem!
— Quê?! Pois é possivel? — perguntou, exaggerando a sua consternação e espanto, o officioso Pertunhas. — É possível que o sr. Augusto não fôsse despachado?!
E dizendo isto, passou a desfiar uma série de consolações, qual d’ellas mais tôla e sem cabimento.
Até que emfim, tendo já novidades para contar, e almejando communical-as aos frequentadores da taberna do Canada, onde devia estar reunida grande e luzida assembleia, o Pertunhas saiu, a pretexto de não ser mais tempo incómmodo, e deixou-os outra vez sós.
— Estão-me guardados para o fim da vida todos os desenganos! todas as amarguras! todos os desesperos!... — disse o herbanario momentos depois. — É para se odiar o mundo e os homens vêr um, que conhecemos generoso e innocente, contaminado tambem!... Pobre Augusto! Não basta que sejam modestos os teus desejos... nem assim t’os deixam realisar.