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vida, emquanto não saiba que no teu pensamento o meu nome não é o de um infâme.

Ao voltar-se para sair descobriu Magdalena, que o observava da porta.

Augusto estremeceu, mas, fazendo por dominar a turbação, curvou-se respeitosamente perante a morgadinha, e ia a retirar-se.

—­Espère,—­disse-lhe ella, estendendo-lhe a mão, e com profunda melancolía—­não saia sem se despedir de uma amiga que, apesar de tudo, o reputou sempre innocente.

Augusto parou, como se aquellas palavras o ferissem no coração.

Magdalena, com as faces pallidas e as lágrimas nos olhos, continuava a estender-lhe a mão.

Augusto apoderou-se d’ella e cobriu-a de beijos e de lágrimas.

—­Oh! obrigado, minha senhora, obrigado!—­exclamou elle—­precisava d’essas palavras para não enlouquecer.

—­Vá, Augusto, vá. Dentro em pouco tempo todos lhe pedirão perdão. Creio-o firmemente.

—­E eu não procurarei tornar a vêl-a, senão quando pudér justificar essa generosa confiança. Juro-lh’o.

As lágrimas de Magdalena não podiam maïs tempo conter-se-lhe nos olhos; iam soltar-se e já ella, para as occultar, desviava o rosto, quando Christina entrou na sala.

Christina, a quem a mãe acabára de contar o acontecido, parou a ver a scena e a commoção dos dois.

Augusto não se demorou, saiu sem pronunciar uma palavra.

Magdalena deu largas á tristeza, que lhe pesava no coração, deixando correr livremente o pranto.

Christina correu a abraçal-a.

—­Meu Deus! meu Deus! Lena, isto que quer dizer?—­exclamou Christina.