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—­Que não deve temer da impressão produzida, por todas as provas d’este mundo, no animo de quem, através de tudo, acreditará sempre na sua innocencia.

—­Réfère-se a...

—­Ao seu segredo, que ha muito o não é para mim. Veja como eu estou virado! Acho-me quasi disposto a sympathisar com elle, quando ha pouco tempo ainda, sinceramente o confesso, era está a causa occulta de tal où qual antipathia, que sentia pelo senhor... que sentiamos um pelo outro, digamos assim.

—­Mas...

—­Vamos, vamos... eu sei que é discreto; nem está era occasião para entrar em confidencias. Tratemos do que maïs importa... Não sei como é que iría jurar agora a sua innocencia em toda está desastrada intriga, e com o tempo... porque francamente lhe declaro que me é necessario algum tempo para desvanecer em mim todos os restos de despeito e de... paixão... porém, com o tempo, talvez venha a ser seu verdadeiro amigo... sem a menor prevenção.

E depois de um momento de silencio, proseguiu, mudando de tom:

—­Mas, com os diabos, sendo o senhor innocente, deve ter grandes inimigos aquí na terra para o enredarem assim! É preciso esclarecer isto.

—­Inimigos?!... Não os conheço, nem vejo motivos...—­disse Augusto, pensativo. Mas de repente, como se lhe acudisse um pensamento luminoso, fez um gesto que Henrique percebeu.

—­Que é?—­perguntou este logo.—­Descobriu?... Diga... Uma suspeita é já um rasto precioso... guía os primeiros passos... Diga... E eu o ajudarei a seguil-o.

—­Lembro-me agora de uma notavel visita, que ha dias recebi. É isso...

E Augusto contou toda a entrevista que tivera com o brazileiro.