radiante mestre Pertunhas, embocando a trompa com mais arreganho que nunca!
O conselheiro chegou á janella, e então é que as acclamações fôram estrondosas.
A desafinação da banda chegou a roçar pelo sublime.
O conselheiro agradeceu ao povo aquella manifestação.
Passados momentos entravam na sala Henrique, o Tapadas, e outros chefes eleitoraes, e com elles o Pertunhas, sobraçando a trompa.
— Que quer dizer isto? — perguntou o conselheiro, abraçando-os.
— Cento e trinta e cinco votos a maior, sr. conselheiro, nem mais nem menos — respondeu o Tapadas, rindo ás gargalhadas.
— Cento e trinta e cinco — repetiu o Pertunhas.
— Mas d’onde vieram!
— Ora essa é boa! De Pinchões.
— De Pinchões — repetiu o Pertunhas.
— Como?... Pois o morgado?...
— Votou comnosco como um homem. Ora pudéra!
— É verdade... votou... comnosco — dizia mestre Pertunhas.
— Mas não se viu ainda ha pouco...
— Que estavam com metralha inimiga? — concluiu o Tapadas. — Que tem lá isso? Mas vão lá á igreja e verão as buxas que estão pelo chão. É um destrôço! Parece a loja de um farrapeiro.
— Mas explica-me isso, Tapadas.
— Então não ouviu a rabecada que aquelle santo do herbanario, que inda que não fôsse senão por isso deve estar assentadinho no Céo, deu ao morgado? Pois aquillo lá resentiu o homem. E quando, depois do Vicente expirar, elle voltou para a igreja, vinha a dizer: «Diabos me levem, que se tivesse aqui listas á mão, havia de ensinar os tratantes que me metteram n’esta dança». Vieram-me dizer isto,