229

radiante mestre Pertunhas, embocando a trompa com mais arreganho que nunca!

O conselheiro chegou á janella, e então é que as acclamações fôram estrondosas.

A desafinação da banda chegou a roçar pelo sublime.

O conselheiro agradeceu ao povo aquella manifestação.

Passados momentos entravam na sala Henrique, o Tapadas, e outros chefes eleitoraes, e com elles o Pertunhas, sobraçando a trompa.

— Que quer dizer isto? — perguntou o conselheiro, abraçando-os.

— Cento e trinta e cinco votos a maior, sr. conselheiro, nem mais nem menos — respondeu o Tapadas, rindo ás gargalhadas.

— Cento e trinta e cinco — repetiu o Pertunhas.

— Mas d’onde vieram!

— Ora essa é boa! De Pinchões.

— De Pinchões — repetiu o Pertunhas.

— Como?... Pois o morgado?...

— Votou comnosco como um homem. Ora pudéra!

— É verdade... votou... comnosco — dizia mestre Pertunhas.

— Mas não se viu ainda ha pouco...

— Que estavam com metralha inimiga? — concluiu o Tapadas. — Que tem lá isso? Mas vão lá á igreja e verão as buxas que estão pelo chão. É um destrôço! Parece a loja de um farrapeiro.

— Mas explica-me isso, Tapadas.

— Então não ouviu a rabecada que aquelle santo do herbanario, que inda que não fôsse senão por isso deve estar assentadinho no Céo, deu ao morgado? Pois aquillo lá resentiu o homem. E quando, depois do Vicente expirar, elle voltou para a igreja, vinha a dizer: «Diabos me levem, que se tivesse aqui listas á mão, havia de ensinar os tratantes que me metteram n’esta dança». Vieram-me dizer isto,