fez conceber ao primo Henrique da possuidora d’elle.
― Retracto-me, prima Magdalena; agora que sei a pessoa a quem elle pertence, parece-me outro. Acho-o bonito, gracioso...
― Vamos, vamos. Confesse que o titulo não é dos mais romanticos e que, de boa vontade, escreveria outro nome debaixo do desenho de phantasia que ahi fez, da mesma maneira que deu á humilde e fiel jumenta, que eu montava ha pouco, a conformação e orelhas elegantes de um palafrem, e quasi me transformou em uma amazona ingleza.
Henrique respondeu, sorrindo:
― Na impossibilidade de reproduzir as graças naturaes, soccorri-me ao expediente das bellezas de convenção. Confesso o meu deploravel erro.
― Olhe que não estamos em Lisboa, primo Henrique. Repare para essas arvores e refreie o sestro galanteador, com que está.
― Por quem é! Não leve o rigor a tal extremo. Tão injusta é comsigo, que se recuse a acceitar, como naturaes e sinceras, as phrases que a sua presença inspira?
― Ai, meu Deus, como refina! Veja como essa creança, que tem no collo, o está encarando com os olhos espantados. Se ella nunca ouviu falar assim aqui!
Henrique beijou as faces da creança, movimento em que não ia uma intenção menos lisonjeira do que nas phrases que dissera, porque elle percebia que Magdalena era extremosa pelos seus pequenos primos.
Abriu-se, n’este meio tempo, a porta da sala, e entrou, saltando, outra creança mais crescida, mas ainda de vestidos curtos, trazendo na mão uma folha de papel.
― Lena ― dizia ella em alta voz. ― Olha; queres vêr o que o sr. Augusto só me emendou hoje no thema francez?