bebido de barco sabre um níveo colo de Eva paradisíaco!

O seu desejo era o pecado.

E Ângelo chorava.

Mas, de repente, como se o espetro do dever lhe tocara no ombro, ele ergueu-se estremunhado e trocou um olhar, ansioso e suplicante, com o triste e quieto olhar da Virgem.

Correu para junto dela e ajoelhou-se a seus pés, mesquinho de remorso e trêmulo de arrependimento.

— Valei-me! disse, erguendo para a imagem os olhos lacrimosos. Valei-me a mim, a mais desgraçada de todas as vossas criaturas!

E soluçava.

— Maria! Maria puríssima! exclamou ele depois, como um desprezado amante aos pés da sua cruel amada. Vede! Atendei, flor dos céus! Vede bem que sou eu quem aqui vos fala e quem vos chama neste momento!

E arrastando-se de joelhos, com os lábios estendidos para alcançar-lhe a fímbria do vestido:— Mãe casta! mãe sempre virgem, valei-me! Vós sois o meu último recurso, a minha última salvação! Escondei dentro da urna de marfim da vossa misericórdia a pureza da minha pobre alma, que a besta imunda a cerca, farejando! Salvai-me, virgem mãe sem mácula; abrigai-me numa das dobras do vosso manto azul, constelado de estrelas! Defendei-me