Por esse tempo Ângelo ganhava o seu quarto e, caindo de joelhos aos pés da Virgem, agradecia-lhe a vitória que ele alcançara sobre os seus próprios sentidos, postos naquele dia em tamanha provação.

— Ó mãe de bondade! dizia ele com as mãos cruzadas no peito; fazei com que ela nunca mais volte a ter comigo, que nunca mais soluce sobre os meus joelhos!... Se soubesses, mãe querida, como lutei para não tomá-la nos braços e estancar-lhe com a minha boca os seus dolorosos soluços de amor!... Se soubesses como o meu coração chorava enquanto meus lábios a repeliam!... Oh, por piedade! que ela nunca mais, nunca mais me volte a ver!

E, deixando cair o rosto sabre os pés da Virgem, pôs-se a rezar com todo o fervor e reconhecimento da sua alma dolorida.

Alzira, entretanto, ao sair da capela, metera-se no carro que a esperava lá fora, e atirara-se para o fundo das almofadas, a soluçar aflita. O carro tinha de seguir para Raismes; ela mandou tocar para Paris.

Ia com o coração despedaçado. Já lhe não restava a menor esperança!. . . Ângelo a repudiava. . . Ângelo, o primeiro homem que ela amava, repelia-a, como quem repele um réptil venenoso!

Todos os sonhos daquele seu primeiro amor ruíram