olhando a estrada deserta. São quase dez horas, e o senhor vigário ainda fora!. . . Vão ver que está por aí à cabeceira de alguma vítima da peste, sem se lembrar de que não tem no estômago mais do que uma xícara de leite e um pedaço de pão! Ah! definitivamente. . .

Um relâmpago cortou-lhe a palavra.

— Chit! Santa Bárbara! Vamos ter tempestade! E o pobre homem por onde andará?. . .

Ia a sair da janela. Mas uma voz gritou-lhe lá de fora, estrangulada pela ventania.

— Ó tia Salomé!

— Ah! disse ela. É você, mestre Jerônimo?...

— Não pensei achá-la acordada!

— Pois se o senhor vigário ainda não chegou!. . . Entre.

Foi abrir a porta, e mestre Jerônimo, um hortelão da vizinhança, penetrou na modesta sala, trazendo seguro pelo braço um rapazola de uns doze anos, que mal se podia ter nas pernas de tão ébrio que estava.

— É que, declarou o hortelão, encontrei no caminho este mariola no bonito estado em que o vê, e

trouxe-o porque calculei que ele com certeza não acertaria com a casa!

— O Robino como vem!... Virgem santíssima! . . . exclamou a velha, pondo as mãos nas cadeiras.

Não sei quando este rapaz tomará caminho!