— Tem lá jeito!. . . resmungava ela a gesticular com o braço que trazia livre. Tem lá jeito! . . . Incomodarem o pobre homem, que ainda não há muito se recolheu tão cansado!. . .

E bateu na porta do quarto.

Ângelo acordou sobressaltado, ergueu-se e correu a saber quem era.

— Estão aí dois desalmados, que querem por força falar ao senhor vigário. Eu disse logo que não era possível; eles, porém, insistiram tanto, que...

— Fez bem em chamar-me, tia Salomé. Faça-os entrar imediatamente. São, com certeza, viajantes que precisam de agasalho!. . . Que entrem sem demora!. . . Veja o que há aí para comer. Eles devem trazer fome. . .

A criada pousou a candeia sobre a mesa, e afastou-se resmungando.

Daí a pouco penetravam na sala dois homens corpulentos, envolvidos em longas capas de pano escuro.

Um deles era negro e tinha os olhos vermelhos de chorar.

— Com licença! disse o outro sacudindo o chapéu encharcado de chuva. Por Baco! pensei não chegar aqui! Boa noite, senhor cura!

Ângelo cumprimentou-os.

— Os senhores, disse, são sem dúvida forasteiros e querem agasalho, não é verdade? Vou dar as providências para. . .