do leito do doente, consultando o relógio de instante a instante.

Assim esteve até pela manhã, quando percebeu que Ângelo ia voltar a si.

Ergueu-se na ponta dos pés e foi ter com a criada, que dormia a um canto da sala de jantar, sentada num banco de pau.

— Olhe! disse-lhe em voz baixa. O vigário vai despertar... É preciso ter todo o cuidado com ele, entende?... Observe-o com atenção para me dizer depois o que se passar. Convém que ele noite nemme não veja e que não desconfie sequer que eu cá estive. . . É preciso não deixá-lo perceber que está doente, porque senão ficará pior e talvez perdido. . . A respeito de tudo que se deu aqui esta noite— nem palavra, ouviu? Isto é o principal! A menor palavra a esse respeito pô-lo-ia doido! Todo o cuidado é pouco!

Salomé, de boca aberta e olhos arregalados, ouvia-o sem pestanejar.

— Mas, disse ela, e se o senhor vigário me fizer alguma pergunta a respeito do que se passou à noite?

— Finja que de nada sabe. Assim é preciso se a senhora não o quer ver doido varrido! Adeus. Não se descuide, hein!.. . E tome lá de novo para o seu rapé! Até logo. Eu voltarei mais tarde.

Deu-lhe outra moeda e saiu, andando cautelosamente, como se receasse acordar alguém.