Depois daquele imenso temporal da noite inteira, o dia abriu formoso e resplandecente de luz. A areia dos caminhos brilhava, secando ao sol; as chaminés das cozinhas atiravam para o ar penachos cor de pérola, que se agitavam suavemente às brisas refrescadas pela chuva.

A aldeia parecia sorrir. Os pardais saltavam por toda a parte e grasnavam por entre as ripas dos telhados. As borboletas saíam do mistério dos seus casulos, e vinham peraltear à grande claridade dos vergéis alegres e floridos.

Ângelo, entretanto, continuava a dormir profundamente, como um enfermo que acabasse de escapar à morte, depois de ter atravessado muitas noites em claro. Não sonhava, não se movia no leito. Era um sono de pedra.

Quando acordou às duas horas, fez as suas orações, tomou um copo de leite, que lhe haviam posto à cabeceira da cama, e deixou-se ficar no quarto até ao momento de ir rezar às Trindades na capela.

Saiu em silêncio, em silêncio atravessou por