frio. Acaso vou eu tomar-te contas das ridículas pantomimices que levas a praticar durante o dia em Monteli?. . . Interrompo porventura a farsa das tuas missas, quando charlataneias o teu irrisório latim e ergues ao ar, espetaculosamente dois dedos de vinho e três de obreia, proclamando que é sangue e corpo de Cristo. . . o que vais ingerir?. . . Já fui eu lá dizer-te ao ouvido que isso é uma truanice, tão digna de desprezo quanto de lástima?. . . Já fui eu lá insinuar aos teus devotos que os teus milagres são mentiras, como é mentira a tua fé, como é mentira a tua ciência, como é mentira a tua religião?. . . Não me venhas pois aborrecer, onde não és chamado, e volta para a tua pestilenta aldeia, que tens lá quem precise dos teus desvelos e dos teus conselhos. Dá-los ao filho da viúva Thevenet!

O presbítero, ouvindo este nome, estremeceu por sua vez.

Sacudiu a cabeça e disse revoltado:

— Até tu, alma perdida! até tu finges não compreender a verdade a respeito dessa infeliz criança.

— Não sou eu quem te acusa; são todos! Nada mais faço do que repetir a voz do povo, que é a voz de Deus! Some-te da minha presença!

— Sim! mas deixa essa mulher!

— Por que? Ah! compreendo! são os ciúmes que te agitam, hein? Magnífico!