— Não és um homem, és um padre!

Ângelo fitou-o, aproximando o seu rosto do dele.

— E quem me tirou o direito de ser homem?. . . interrogou. Quem me obrigou a ser padre?. . . Qual bárbara violência foi essa de me trocarem um direito por uma responsabilidade?. . . Quem foi que cometeu este crime?!

E, segurando violentamente o braço de Ozéas, bramiu com os lábios trêmulos e os olhos ferrados sobre ele.

— Ah! ah! foste tu, bem sei!. . . Encontraste-me pequenino, desamparado, sem ter nada no mundo, nem mãe ao menos!. . . e carregaste-me para a tua sombria furna, tal a fera carrega com a mesquinha presa... Encerraste-me naquele tenebroso convento, e aí me deformaste a alma, como um saltimbanco ao corpo do enjeitado que lhe cai nas garras!

E, cruzando os braços, interrogou com voz terrível, perfilado defronte de Ozéas:

— E quem te deu o direito de deformar minha alma?! Quem te deu o direito de fazer de mim um padre?! Quem?! Responde!

— As minhas sagradas convicções, as minhas crenças! . . . respondeu o egresso.

Ângelo sorriu ironicamente.

— Crenças! . . . convicções! . . . disse. E tudo isso de que me serve agora?!. . . Eu quero viver! eu quero o quinhão de vida a que tenho direito! Restitui-