Dotado, como ficou dito, de grande atividade intelectual e poderoso talento de assimilação, Ângelo aos quinze anos já embasbacada os seus ingênuos professores, com as argúcias das suas réplicas e com os engenhosos comentários que fazia do Velho e do Novo Testamento.
Ozéas, cada vez mais profundamente convencido da procedência divina do seu pupilo, guardava-o e escondia-o afinal com o respeitoso carinho e desvelo com que se guarda uma relíquia consagrada.
E a crença de que Ângelo era um inspirado por Deus, foi ganhando o espírito de todos que com ele praticavam no convento.
Havia com efeito no ar daquele pobre adolescente prisioneiro de um claustro, alguma cousa que impressionava a quem o observasse de perto. Os seus grandes olhos azuis, muito escuros, quase negros, tinham uma híbrida expressão feita de inocência e perspicácia; eram vivos como os da águia, mas transparentes e doces como os de uma criança, e tinham, ao mesmo