O velho tornou a coçar a cabeça e disse com azedume.

— Não sei que tem a cheirar na casa de Deus semelhante gente!... Mas que quer? Fizeram desta missa um divertimento! O culpado é o rei. Aposto que está aí também o duque de Fronsac, esse maldito libertino, que herdou todos os vícios de seu pai, o cardeal de Richelieu, sem herdar nenhuma das virtudes! Vem ao faro das aventuras, o desavergonhado!

— E o que aí está de homens ilustres. . . observou Cobalt ao ouvido do padre. Já avistei Favart, Gentil Bernard, Condorcet, Luchot, Fréron, d'Alembert, Diderot, Beaumarchais, Mali, Lavoisier...

— Este seminarista, declarou o outro, é com efeito de uma fortuna inacreditável! Creia, meu doutor Cobalt, que nunca vi tanta gente boa reunida numa igreja para ouvir missa! E uma missa nova! É extraordinário!

Mas Ângelo nesse momento saltava do carro para entrar com Ozéas na porta lateral da sacristia, e um rumor geral se levantava provocado pela sua chegada.

O Dr. Cobalt afastou-se de carreira, a ver se arranjava um lugar na capela, em que devia ser a iniciação do adorado presbítero.

A capela, suntuosamente preparada para a cerimônia, refulgia, fulgurando de luzes e de ouro, de alvas rendas preciosas, brilhantes colgaduras