Ângelo, de volta da igreja, assim que se achou no carro a sós com Ozéas, abriu a soluçar, numa convulsa explosão de todo o seu ser.
Não podia, entretanto, determinar o que se passava em sua alma. Era uma agonia estranha e dolorosa, que a revolucionava sem dizer porque; um íntimo martírio, feito de vagas apreensões, que a atordoavam de terror por iminentes e desconhecidos perigos.
Sem ter a menor idéia da vida comum, sem desconfiar sequer do maravilhoso efeito que o seu sermão de quinta-feira santa produzira sobre o público, que poderia o mísero compreender de todo aquele ruidoso entusiasmo que o cercara, e de todos aqueles ávidos olhares feminis que o devoravam de curiosidade?
Seu próprio nome, ouvira-o ele repetido por tantas bocas ao mesmo tempo, que agora lhe chegava à memória como o estribilho de uma singular canção, falada em língua alheia.
Ozéas, ao seu lado, meditava sem erguer a cabeça, recolhido em profunda preocupação.