— Cobalt, sim, pode entrar. . . E mais ninguém, ouviste? nem o marques!

O negro retirou-se. E o médico entrou pouco depois, risonho e prazenteiro como sempre.

Foi logo beijar a mão da condessa e ficou a tomar-lhe o pulso.

— Então?... indagou, olhando-a no fundo dos olhos. O mal tem progredido?

Ela respondeu com um suspiro, e ofereceu-lhe um lugar a seu lado no divã.

Cobalt assentou-se e deu um estalo com a língua.

— Não estou nada contente com isto, sabe?... declarou ele, em ar de paternal censura. No seu melindroso estado de sobreexcitação nervosa, produzida pelo excesso dos prazeres, pode ser-lhe fatal este singular capricho da fantasia, porque nunca poderá ser satisfeito. Ângelo, como homem, é um caso perdido. . . não podemos contar com ele para nada E receio que esta circunstância traga perigosas conseqüências. . . Ora, a condessa nunca amou, nunca sofreu esse adorável gênero de loucura; o seu organismo não tem por conseguinte a menor prática da moléstia de que agora se sente atacado, e aquilo que para outra mulher nada valeria, pode nestas condições transformar-se em cousa muito séria! . . .

— Mas que hei eu de fazer, meu amigo?

— Oh! Se fosse possível, receitava-lhe: "Ângelo