mais alerta ela ficava para não cometer a mínima falta.
Horácio porém resolveu dar o golpe; e com essa intenção, fora à casa de Sales, no domingo em que estamos.
Quando se ofereceu ocasião, travou com Amélia, recostada à janela, o seguinte diálogo:
— Como é bonita! disse ele contemplando a moça com enlevo.
— Ainda não tinha percebido? perguntou ela com irônica faceirice.
— Não, D. Amélia, não; porque de cada vez a acho mais bonita; todos os dias a senhora muda a meus olhos; torna-se outra, mais linda, mais formosa, do que era aquela que eu conhecia anteriormente. Como hoje, acredite, nunca a vi.
— Que tenho eu demais?
— Não sei; tem uma auréola de beleza! Seus olhos desferem raios de luz tão pura; sua boca sorri como a flor em botão, que abriu com a frescura da noite. Os anéis de seus cabelos castanhos parecem impregnados de um fluido misterioso, que se derrama em torno. Mas de toda a sua formosura há uma coisa sobretudo