Ao retirar-se, Horácio achou ensejo de trocar uma palavra com a moça, enquanto lhe apertava a mão:
— Não seja cruel!
— Oh! cruel não sou eu, replicou a moça com expressão de ressentimento.
Mais tarde, em sua alcova, enquanto desfazia o penteado, soltando os lindos anéis do cabelo castanho, Amélia recordou-se das palavras apaixonadas que ouvira de Leopoldo na véspera, e comparou-as com as queixas de Horácio. A linguagem do primeiro tinha a eloqüência da paixão; parecia vir do íntimo, do mais profundo do coração. A linguagem do segundo tinha a graça da sedução: era a vibração passageira das cordas d'alma.
Mas a palavra do leão vinha envolta em um sorriso gracioso, sombreado por um bigode fino e elegante!
Durante uma semana, Amélia não viu Horácio, por uma razão muito simples. O moço, de arrufado, não apareceu durante dois dias; quando se resolveu a aparecer, a moça despeitada inventou um incômodo, e não desceu à sala de visita, pelo dobro do tempo. Se Horácio sustentasse a luta,